REFLEXÕES SOBRE A INCLUSÃO DO ALUNO COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS NA ESCOLA REGULAR

Nos últimos anos tem-se falado muito sobre inclusão. A inclusão escolar de pessoas com necessidades educativas especiais tem sido a proposta norteadora na Educação Especial no Brasil.
Sabemos que há uma diferença entre integração e inclusão. E, tendo como ponto de partida, os efeitos positivos alcançados com o exercício da inclusão escolar nos países desenvolvidos, o sistema educacional brasileiro tem vivenciado um momento de transição no atendimento dos alunos com necessidades educativas especiais.
Havia um padrão de educação especial para as classes especiais para alunos com déficits educacionais, propondo-se a um atendimento mais específico (Mazzota, 1982).
Esse modelo contribuía para segregação dessas crianças, mas a inclusão escolar recebeu apoio, conjeturando o empenho atual da sociedade pela sua integração em salas regulares de ensino, de forma a aceitar e respeitar as diferenças (Bueno, 1991; Glat, 1989).
O termo integração, a partir do final dos anos 80 do século XX, foi substituído pela ideia de inclusão, já que o objetivo é incluir todas as crianças sem distinção, independentemente de suas habilidades.
Cabe, neste momento, uma definição das palavras inclusão e integração na área escolar, pois ambas priorizam a iniciação da pessoa com necessidades educacionais especiais na escola regular (Thomas, Walker & Webb, 1998).
A palavra inclusão indica uma inserção total e incondicional do sujeito no ambiente escolar.
Já a Integração dá a ideia de inserção parcial e condicionada às possibilidades de cada pessoa. A hipótese básica é de que a dificuldade está na pessoa portadora de deficiência, e que estas podem ser coligadas no ensino regular sempre que suas características permitirem. Ou seja, inclusão exige a transformação da escola e na formação dos educadores, pois defende a inserção no ensino regular de alunos com alguns déficits, competindo às escolas se adequarem às necessidades dos alunos. A inclusão exige um corte com o modelo tradicional de ensino (Werneck, 1997).
A noção de inclusão não coloca parâmetros, contrária ao conceito de integração, em relação a tipos particulares de deficiências.
Sassaki (1998) nos traz outra visão sobre inclusão e integração. Para a autora, a integração enquanto inserção do deficiente, o prepara para conviver na sociedade, já a inclusão como uma mudança na sociedade prepara a pessoa portadora de deficiência para que possa se desenvolver e exercer a cidadania.
Resumindo, a integração privilegia o aluno com necessidades educativas especiais, analisando com ele a responsabilidade da inserção, enquanto a inclusão avança, exigindo da sociedade qualidade para essa inserção.
Por isso, consideramos relevante a formação continuada dos professores com a intenção de mobilizar a inclusão em sala de aula junto aos alunos com necessidades educativas especiais, neste caso, faz-se necessário uma reflexão sobre a reconstrução do currículo direcionado para a inclusão na escola no compromisso com a educação no campo do saber e do conhecer; do mesmo modo faz-se necessário o estudo sobre as representações de alteridade que podem aprimorar o aprendizado do aluno por meio de aulas favorecedoras à construção do conhecimento; a promoção de diálogo entre o professor e os alunos em sala de aula de modo a facilitar a interação social e a apropriação do conhecimento; a adequação e uso da linguagem por meio de verbalização, instrumentos e signos, considerando a cultura dos alunos; a elaboração de planejamento diário para a turma a partir dos seus interesses e necessidades.
Essas são algumas das inferências sobre o tema inclusão na escola com a proposta de dinamizar e qualificar ainda mais a educação continuada para pessoas com necessidades especiais, de forma a incluir os envolvidos no processo de aprender. Por meio da interação social e da inclusão social os sujeitos podem estabelecer relações de alteridade de modo a se perceberem melhor.

Miriam Teresinha Pinheiro da Silva - Fonoaudióloga - CRFa 6037
Mestre em Letras – Linguagem, Interação e Processos de Aprendizagem
Especialização em Motricidade Orofacial
Aperfeiçoamento em Voz

Referências:

Bueno, J. G. S. (1991) Educação Especial Brasileira: A Integração/Segregação do Aluno Diferente. Tese de doutorado não-publicada, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
Glat, R. (1989) Por que formar profissionais em educação especial? Revista integração, 2(4), 11-12.
Mazzota, M. J. S. (1982). Fundamentos de Educação Especial. São Paulo: Pioneira.
Sassaki, R. K. (1997). Inclusão. Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA.
Thomas, G., Walker, D., & Webb, J. (1998). The making of the inclusive school. Nova York: Routledge.
Werneck, C. (1997). Ninguém mais vai ser bonzinho, na sociedade inclusiva. Rio de Janeiro: WVA.


Um comentário:

  1. Muito esclarecedora a tua explicação.Está faltando este discernimento aos protagonistas da mudança na escola.Simplesmente colocar-los na escola regular sem a menor noção do que é necessário para o seu desenvolvimento é crueldade.

    ResponderExcluir