Muito já foi comentado sobre a importância do sono para o bom funcionamento do cérebro. O sono é crítico para a nossa capacidade de aprendizagem, consolidando o que memorizamos ao longo do dia e preparando o cérebro para absorver novas informações. Até mesmo um cochilo apresenta efeito positivo sobre o desempenho do cérebro.
As pesquisas sobre o sono oferecem cada vez mais evidências para nos orientar na busca do bem-estar, como uma publicada no ano passado que descobriu que os adultos que dormem adequadamente tinham uma melhor qualidade de vida e níveis mais baixos de depressão. Já uma outra pesquisa verificou que a melhora de desempenho em memória relacionada ao sono e verificada em adultos e jovens não parece se aplicar a idosos. Agora, em se tratando de crianças, há evidências de que a perda do sono durante a infância pode resultar em crianças com hiperatividade e falta de atenção, sintomas da TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade).
Essa pesquisa realizada em crianças americanas utilizou uma amostra de 6.860 crianças em idades de ensino infantil, sendo o maternal e o jardim de infância. Através de entrevistas com os pais, os cientistas obtiveram a duração de sono noturno e informações sobre o comportamento em termos de atenção e impulsividade. Utilizando ferramentas de regressão estatística, os cientistas descobriram que o pouco sono durante o maternal conseguia prever significativamente a hiperatividade e a desatenção relatadas pelos pais no jardim de infância. Por outro lado, o relato de hiperatividade e desatenção durante o maternal não previa a duração do sono no jardim de infância.
A conclusão dos cientistas foi de que a curta duração do sono pode contribuir para o desenvolvimento ou piora da desatenção e hiperatividade durante a infância, ou pode servir como um alerta precoce de dificuldades comportamentais emergentes.
O sono adequado também é importante durante a vida adulta. Porém o que é considerado um sono adequado? A Academia Americana de Medicina do Sono relata que as necessidades de sono individuais variam, porém a maioria dos adultos precisa entre sete e oito horas de sono noturno para se sentir alerta e bem descansado durante o dia.
A duração do sono já foi associada ao aumento no risco de mortalidade, mas existem poucos estudos analisando como a duração do sono afeta a qualidade de vida e a depressão. Num estudo, também apresentado nesse congresso, os pesquisadores coletaram dados desde 2008 de uma clínica especializada no sono. Além de analisarem os dados de questionários sobre qualidade de vida, depressão e informações demográficas, foram criadas categorias para a duração do sono e a categoria de sono normal ficou na faixa de 6 a 9 horas por noite.
Foram mais de 10.000 registros de pacientes cuja idade média ficava na faixa dos 52 anos, onde os dados mostraram que tanto os que dormiam muito (mais de 9 horas) quanto os que dormiam pouco (menos de 6 horas), quando comparados à categoria de sono normal, apresentavam maior severidade depressiva e pior qualidade de vida.
O sono tem sido comprovado como benéfico para a memória em jovens adultos saudáveis, porém novas evidências sugerem que o benefício do sono é reduzido na medida em que envelhecemos. Um estudo, apresentado no encontro anual da Sociedade para Neurociência, aplicou um teste de memória a um grupo de 24 adultos velhos e 25 adultos jovens. Após decorarem uma série de informações, essas pessoas tiveram um intervalo de 12 horas, durante o qual uma parte passou acordada e outra passou dormindo.
Quando foram testados novamente, os adultos jovens que dormiram cometeram menos erros que os que ficaram acordados. Já os adultos velhos que dormiram não desempenharam melhor que os que ficaram acordados. Como mudanças na memória e na qualidade do sono são comuns durante o processo de envelhecimento, os resultados sugerem que essas mudanças na memória não devem estar relacionadas à qualidade do sono, mas em mudanças do cérebro em si.
De qualquer maneira, enquanto estudos posteriores não confirmarem de maneira conclusiva a relação entre o sono e a memória em idosos, devemos seguir a recomendação de dormir entre 7 a 8 horas por dia, independentemente da idade. E, para mantermos nosso cérebro saudável, além de sono adequado precisamos de alimentação balanceada, socialização, exercícios físicos, controle do estresse.
Fonte: http://www.cerebromelhor.com.br/blog/template_permalink.asp?id=174
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